Wednesday, December 31, 2008

Mais um anus, menos um ano.

Entao chegou de novo o fim. De um ano. E como é típico eu fico pensativo, fazendo um balanço do ano que passou com outros passados antes principalmente, as viradas anteriores com a que está ocorrendo no exato momento.
Entao estou eu com uma taça de champagne na mao, olhando os fogos repicados por entre os dez mil prédios que formam o horizonte, nem de perto longe bebado como eu gostaria e definitivamente nao na companhia que eu mais gostaria, imaginando como eu passei o ano anterior e principalmenta a virada. Bebado entre nao os meus melhores amigos, mas pessoas que nao me incomodavam muito, com pernas longas longas enroscadas no meu pescoço e ouvindo jazz. Mas este ano ali estava eu com a taça de champagne, semi-sóbrio vendo fogos artificiais recortados.

Hegemonia sensorial.

Me custou arrumar força de vontade para sentar e escrever algo. De uns dias pra cá eu ando com vontade de pouco, quase nada. Deitar e transformar-me em vegetaçao silvestre. Ou tomar algumas pastilhas destinadas à maes suburbanas com filhos barulhentos e um copo de vinho. Acabar dormindo dias seguidos. Acordar com a mochila já feita e a passagem comprada e a disposiçao do Kerouac. Kerouac este que eu me pergunto se ele também nao conseguia dormir antes de suas viagens, por que eu nao consigo, ha alguns dias já. Poderia culpar o verao, os mosquitos, a ansiedade ou minhas neuroses mas prefiro jogar a culpa na viagem.
Entao este ano acabou. Definitivamente nao foi dos melhores mas nunca tive grandes esperanças, nunca tenho e definitivamente esta virada nao vai ser boa como a última mas eu nunca esperei que fosse, como poderia ser? Nao que a outra tenha sido uma orgia regada à vinho, drogas e unicórnios. Mas eram pessoas que eu nao odiava e isso já é alguma coisa. Mal cheguei aqui, como vou encontrar pessoas com quem eu queira passar ano novo se nem vontade de procurar eu tenho?

Saturday, December 27, 2008

Uma temporada no campo.

Tudo acabou culminando no natal. Toda melancolia poética e insonia tornou o natal sumamente frustrante. Tudo aquilo típicamente natalino me cansou pouco à pouco e tudo o que eu queria era voltar pra casa sozinho e tomar calmamente um vinho, caindo lentamente no sono honesto dos ébrios. Nao deu certo mas meus planos raramente dao certo.
Acabei indo para a casa do meu tio avô nos suburbios. Normalmente nao gosto dos suburbios, grandes descampados com casas coladas umas nas outras e nenhuma árvore. Um deserto espiritual. Mas nao estes suburbios. Estem eram suburbios florestados, com milhares de sombras de árvores para escrever dez mil sonetos de amor e dez mil cançoes de coraçoes partidos, cadeiras e uma sacada para tomar um vinho e discutir nuances da vida. Minha inicial frustraçao nao durou muito, uma fraçao de segundo e derreteu. Ali estava tudo o que minha alma poéta precisava. Minha temporada no campo.
Grandes poétas antes de mim se cansavam de tempos em tempos das pressoes da vida urbana e nessa momento recorriam ao campo. A tranquilidade das pradarias seguramente ajuda à organizar as idéias e escrever à sombra de uma árvore faz maravilhas à idéias novas.
E além do campo em si a viagem até o campo me fez bem, me fez perceber que eu ainda nao estava quebrado por dentro, que o dano era só temporário, pelo menos foi o que pareceu. Agora, de volta á cidade para pintar um mural amanha, olho tudo com uma calma maravilhosa, que esperemos que dure o suficiente.

Monday, December 22, 2008

Um chá, por favor.

Tres e vinte e sete da manha e eu aqui, insone e meio resfriado. Deitei e tentei dormir, duas vezes e ambas falhei, levantei-me, fiz um chá e deitei no sofá pra ler. Na primeira foi chá de greenleaves, sempre me lembra aquela música do Simon & Garfunkel mas aquela era greensleves mas lembra mesmo assim, para terminar de ler A louca da casa um delicioso relato de Rosa Murano sobre escrever e a inspiraçao. Após isso eu realmente pensei que o sono viria, tinha terminado o livro entao podia dormir, mas nada, continuava insone e meio resfriado. Depois servi-me um chá de camomila com a total certeza de que seria tiro e queda, em alguns lugares da África usa-se extrato de camomila para sedar elefantes e tirar seu marfim, isso é mentira, entao pensei que fosse se encarregar do trabalho, mas nada, seguia insone e meio resfriado. Até que em um aleatório eu cai na cama e dormi, misteriosamente. E hoje acordei cansado e meio resfriado, ainda.
Definitivamente, tudo o que eu queria era que um belo par de pernas me trouxesse uma canjica e cuidasse de mim ou que nem trouxesse canjica nem cuidasse de mim, mas que fosse um belo par de pernas e esquentasse a água pro chá, que por mim podia ser de dramim, pra curar a insonia de uma vez.

Sunday, December 21, 2008

Trompete Milesiano.

Nesta cidade que nao chove, o domingo acordou cinza e chuvoso. Frio e com cara de cool jazz, obedeco e coloco o 'kind of blue' do Miles, caiu como uma luva quente de la num dia frio. Por enquanto nao posso pintar, já que meu já que meu atellier é a varanda e está tudo meio molhado entao fico olhando pela janela e ouvindo o trompete triste de Davies. Podia estar pensando em amores antigos, meninas passadas e como nenhuma deu certo, mas de como alguma delas seguramente teria tudo para dar certo se eu tivesse me dado o trabalho, mas apenas pensava no maravilhoso som do tropete do Miles.
Consegui dormir bem duas noites seguidas, o que é raro, mas definitivamente bom. Bem melhor do que ficar sentado na cozinha tomando chá às quatro de alguma manha qualquer olhando para o mar de prédios alaranjados que se veem da minha cozinha.
Mas tudo vai pelo seu caminho torto, daqui a pouco chega o ano novo e as perspectivas sao de melhoras, quem sabe arrumar um cachorro, isso definitivamente seria legal, ou quem sabe simplesmente sair pra dar uma volta e tomar um café, qualquer um estaria bom.

Saturday, December 20, 2008

Sabados putos, tao puros.

Decido escrever algumas palavras numa pequena pausa que tomei das minhas pinturinhas. Estou trabalhando numa pequena pilha de obras novas, um pouco mais do mesmo e um montao do novo. Coloquei o concerto para piano no. 1 de Tchaikovsky para tocar no volume máximo e preparei minhas coisas no meu attelier, o lado esquerdo da varanda.
Estranho isso, de ter um sabado sem ressaca, realmente me desacostumei. Mas muitos sabados tem vindo assim, puros, livres de ressaca. Nao estou no clima de sair e me embebedar, o que é raro, estou num momento de juntar moedinhas para meu grande plano. Grande plano este, que cada dia é mais tangível o que compensa sem problema algum os sabados sem ressaca.

Monday, December 15, 2008

Quando o dia te joga uma bola no ângulo.

Flaubert disse uma vez que ele sempre tentou viver numa torre de marfim, mas que sempre havia uma maré de merda batendo nas paredes, tentando derrubá-la. Grande Flaubert, sabia o que tava dizendo. Sabia o que dizia e eu concordo com ele em genero, número e grau, realmente tentamos levar nossa vida tranquila numa torre de marfim e a vida proporciona torrentes monumentais de merda à bater nas paredes e salpicar na porra toda. Mas estranhamente hoje nao teve ondas de merda na minha torre, devia ser maré baixa. Hoje consegui resolver tudo levei meu passaporte pra renovar e está pronto em duas semanas no máximo, bem à tempo pra minha pequena aventura, consegui pagar o que precisava, passei meus finais pra março sem nenhum problema e consegui lugar pra me matricular em belas artes em fevereiro.
Logo hoje que tinha tudo para ser um dia surreal, saiu tao bonitinho. Hoje andando por uma das ruas que eu mais odeio daqui, florida, uma rua peatonal repleta de turistas e pedintes, eu vi uma velha enrrugada mais ou menos com idade suficiente para ser a mae da Derci Goncalvez andava pela rua com um cartáz envolta do pescoço anunciava um sex shop qualquer com um chapéu de papai noel. Olhando aquilo eu só poderia pensar 'hoje vai ser uma dia daqueles'. E este sentimento só se solidificou quando eu vi uma familia tomando banho num daqueles regadores de praça, com direito a shampoo e tudo eu voltei a pensar no desastre que seria o dia, mas nao foi. Talvez minhas expectativas andavam tao baixas que a qualidade do dia pulou fácilmente por cima. O dia pulou por cima e ainda me jogou um clichê pra rir no meio da rua perto do porto, um barco tinha acabado de chegar e todos os marinheiros deciam com seus uniformes brancos à encontrar suas damas para beijos apaixonados, com tanto amor e melaçao no ar a única coisa que me veio à mente foi 'esses aí devem ter se perdido da conferencia de covers do village people'.

Friday, December 12, 2008

House of the rising sun.

A mudança já quase acabou. Ficaram muitas poucas caixas, se é que ficou alguma. O aparelho de som, que foi a primeira coisa fora da caixa, já nao está mais no chao, tem até uma mesa especial pra ele. Meus cd`s estao empilhados na mesa esperando que uma alma caridosa os ponha em uma estante só pra eles e quem sabe até poderiam estar em órdem alfabética, mas algo me diz que nao vai rolar, haja paciência. Talvez amanha seria um bom dia pra começar a arrumar o atelier, mas o amanha está tao longe que eu realmente nao sei. E talvez chamar aquilo de atelier seja forçar um pouco a barra, é o lado esquero da varanda. Varanda esta que é linda tem uma mesa para almoços e jantares e por que nao? Eventuais cafés da manha. E na frente da varanda tem uma arvore que é cheia das mais adoráveis florzinhas amarelas, milhares delas, dezenas de milhares que voam deixando o céu e as ruas como tapetes florais. Na sala tem um quadro meu na parede e livros apilhados pelos cantos. Livros estes infestam cada comodo da casa, sao em maior número que as prateleiras que os deviam conter. Uma avalanche de livros desprateleirados provocando tropeços e afins, acho que é o custo à se pagar pela nao ignorancia. E na sala ainda nao tem televisao e nem um lugar especial guardada pra ela, como poderemos fazer para ver algum filme num domingo de frio?

Sunday, December 07, 2008

Viva minha típica ressaca de domingo.

Ontem eu saí pra encontrar um amor e só tinha vodka, hoje peço aspirina e água. Hoje eu sou uma massa disforme de ressaca e amores nunca amados. Eu sou o tipo de pessoa que dorme no onibus e acaba em algum buraco depois dos suburbios, que depende de alguma pessoa com um ótimo kharma para dar-lhe dois pesos e assim tentar voltar pra casa. Eu sou aquele que de tao bebado ignora o 'passa tudo, agora!' e apenas sorri. Eu sou o que odeia reggae alheio em domingos de dor de cabeça. Hoje eu sou a ressaca, hoje eu sou um domingo de ressaca.