Tuesday, October 30, 2007

Roubando livros.


O outro dia estava perambulando por aí como eu costumo fazer sempre, eu tenho a tendência à andar de um lugar ao outro ao invés de apelar ao transporte público, quando passei numa banca de jornal numa parte meio afastada da 'cidade' (notem as aspas), uma banca com um daqueles mostruários de livros de bolso (os genéricos, não os l&pm) e lá estava ele, um clássico O Retrato de Dorian Gray (The Painting of Dorian Gray, Oscar Wilde, 1891, London) estava lá na frente da prateleira de cima, quase me encarando, a capa horrível (uma pintura cafonérrima que deveria 'ser' o próprio Gray) me pedia socorro, que eu tirasse aquele exemplar de literatura inglesa da proximidade de publicações do nível de thi thi thi, capricho, mais você (tenho a impressão que isso talvez seja um programa de tv), guia de novelas e playboys (se bem que as matérias são ótimas) e afins.

Então eu pego o dito cujo e me dirijo ao jornaleiro que para minha surpresa dorme como uma branca de neve que tomou um boa noite cinderella, possibilitando que SE eu quisesse eu roubasse o livro e escapasse na pernumbra (na verdade havia um solzinho maroto, mas pernumbra pareceu mais cool). Eu fiquei imaginando os prós e contrar desse pequeno 'desvio de moral', seriam dez reais e setenta e cinco centavos que poderiam ser usados para outras mil e setenta e cinco coisas (mil e stenta e cinco coisas de um centavo, óbiviamente) mas eu foderia meu kharma.

Então eu paguei pelo livro (vitória para a moral) e fui andando e pensando sobre o incidente já que eu não podia andar e ler sem acabar caindo e quebrando deus sabe o quê. Seria roubar aquele livro algo tão socialmente reciminável assim? Não é meio que um 'alimento para a alma'? Tipo um quilo de feijão espiritual! Mas acho que no final é melhor guardar seus 'pontos negativos' de kharma pruma ocasião realmente fantástica, como uma primeira edição do Retrato de Dorian Gray que estiver dando sopa numa banca de jornal com o babando e roncando no balcão, a quem estou enganando? Eu perdi uma chance única. Mas imaginem se o cara estivesse só fingindo que estivesse dormindo? Eu teria que sair correndo como um filha da puta, eu sou blasé demais pra essas coisas, bah!



t.

4 comments:

Nan Giard said...

aaah adorei esse post!
bom, como eu nunca li o livro (alias, não tenho habito de ler)
entao eu só comento que, kharma sux.
e que bom q vc nao roubou teko, isso eh feio e dá cadeia. haha

aki, temos q acabar de ver laranja mecanica.. quero te esperar pra ver, homem!
haha =*

leandro. said...

huahuahua!
eu morri de rir desse texto!

engraçado q vc escreve exatamente como vc fala... então o texto acaba ficando a sua cara!

=)

Anonymous said...

devia ter roubado o livro,
ninguem poderia te condenar por querer um pouco de cultura... talvez um policial, mais fora ele, ninguem poderia.

ps.:pensa em qnts cervejas vc nao poderia ter tomado com o dinheiro

=**

joão p. said...

concordo com o leandro. hahahahhaa.
e morri de rir com a parte de "eu sou blasè demais para isso."